A vinda de Coleman
September 17, 2008 at 1:01 am Thaís Viveiro Leave a comment
Thaís Viveiro
Não conhecia Ornette Coleman antes de ler a matéria “A Volta do Revolucionário” da edição de agosta da BRAVO!. O título pouco significava para mim . No entanto, o autor, José Alberto Bombig, teve a astúcia de colocar este nome ao lado de Coltrane – um figura do jazz muito conhecida, mesmo para aqueles que pouco conhecem o estilo. Ornette Coleman se tornou interessante por tabela a partir do uso de um conhecimento prévio do leitor.
Coltrane e Coleman são colocados a pé de igualdade, ambos revolucionários. José Alberto Bombig mostra a diferença entre eles logo no início da matéria: o primeiro morreu em 1967, enquanto que o segundo sobreviveu, carregando a difícil tarefa de continuar revolucionando. Isso explica porque um nome foi praticamente canonizado e o outro, um tanto desgastado pelo tempo. E explica também porque talvez o leitor não conheça Coleman, mas deve conhecer. E se deve conhecer, nada melhor do que sua biografia.
A história do saxofonista está muito bem contada, pinçando episódios interessantes de sua vida e da construção de sua carreira. Ao apresentar as dificuldades que enfrentou, cada vez mais é evidenciado seu aspecto de revolucionário, tornando verdadeira a comparação inicial. Alguns nomes contribuem para legitimar sua vitória, como o de Miles Davis.
Depois da apresentação, finalmente surge o assunto central da matéria: o novo trabalho de Coleman, Sound Grammar. Senti, no entanto, que ele foi abordado superficialmente (praticamente em dois parágrafos). No momento em que o leitor acaba de se familiarizar com o tema, o texto subitamente termina. Se acaso o leitor já conhecesse o saxofonista, pouco a matéria lhe acrescentaria.
Apesar de o jornalista ter entrevistado Coleman, ele parece muito distante. Esse material poderia ter sido mais aproveitado, acrescentando inclusive mais informações sobre Sound Grammar. Isso contribuiria para dar um desfecho melhor à matéria, deixando-a mais completa.
O êxito da matéria é atrair o leitor para um personagem que talvez lhe seja desconhecido. Chamar a atenção para um novo assunto é sempre mais difícil. Mas sempre mais enriquecedor para quem lê. Faltou apenas explicar um pouco mais a “volta” do personagem, como é sugerido no título.
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